Perfil dos personagens do romance "O Morro dos Ventos Uivantes" de Emily Brontë
- Catherine Earnshaw, Catherine Linton, Catherine Heathcliff.
A personagem criada por Emily Bronte em sua única obra, “O Morro dos Ventos Uivantes”, nos é apresentada logo no início do romance pelo narrador personagem, Sr. Lockwood, quando numa visita ao locatário(Heathcliff) da fazenda a qual passaria algum tempo, se viu foi forçado a passa a noite no Morro dos Ventos Uivantes devido a intempestividade daquela região. Contra a vontade de Heathcliff, Lockwood é levado para um quarto onde passaria a noite. No quarto ele encontra alguns livros que também serviram como diário para Catherine, e neles ele encontrou escrito os seguintes nomes: Catherine Earnshaw, Catherine Linton, Catherine Heathcliff. A partir desde ponto já podemos começar a conhecer as diferentes facetas da mesma personagem. E podemos analisar cada uma de suas facetas de acordo com cada nome. Começaremos com Catherine Earnshaw, que é o nome de família de Catherine. O nome que continha toda a tradição de sua família, e ela teria que zelar para que não fosse manchado por nenhum escândalo ou atitude equivocada que ela pudesse tomar e que a sociedade da época não viria com bons olhos. É ela que cresce junto com Heathcliff e que presenciava todo o sofrimento dele diante das maldades de seu irmão Hindley. Até o momento em que o Sr. Earnshaw volta de Liverpool com o pequeno Heathcliff, Cathy é descrita como uma pessoa normal. A partir do momento em que os olhares de Catherine e Heathcliff se cruzam ela se encanta com o menino, não se importando com sua aparência suja e escurecida. “Sra. Cathy e ele estavam agora muito íntimos. Mas Hindley odiava-o”.(Bronte 1971, p.41) neste trecho do romance vemos Nelly Dean explicando a convivência dos “irmãos” ao Senhor Lockwood. Os dois crescem estabelecendo uma relação que começa como fraternal, mas que depois com o passar dos anos seus sentimentos afloram e um ciúme doentio acaba surgindo também. Já Catherine Linton é o lado fraco e mesquinho da personagem. Fraca pois não teve coragem de enfrentar tudo e todos para viver o seu amor, o que a torna uma anti-heroína pois qualquer mocinha romântica abriria mão de tudo para viver ao lado de seu amor, não se importando com o que a sociedade pensaria ou deixaria de pensar. E também podemos perceber o quanto ela era mesquinha, preferindo Edgard Linton à Heathcliff, pois Edgard poderia lhe proporcionar uma vida estável, segura. Ficando com Linton tudo seria mais fácil, mais cômodo, ela não precisaria enfrentar barreiras para ficar com ele. Na conversa que ela tem com a empregada da casa, Nely, antes do desaparecimento de Heathcliff que anos mais tarde voltaria rico, Catherine confessa a ela que gostaria que Heathcliff tivesse sido criado pelo irmão dignamente e mão como um empregado qualquer, assim ela poderia ter se casado com ele sem ferir a sua imagem perante a sociedade, e ter toda a comodidade que ela desejava. A maternidade é pouco valorizada por Catherine, ela não demonstra amor ou preocupação com o bebê. Essa atitude é notada claramente no momento em que Catherine e Heathcliff têm sua última conversa pouco antes da morte de Cathy. Em momento algum Catherine se preocupa com a falta que pode fazer para a filha. Neste momento a Catherine Heathcliff, que veremos a seguir, se impõe e a possessividade da relação de amor e ódio que os consome se torna mais visível e nada pode interpor-se entre os dois. Essa relação mãe e filha pode não ter sido abordada com grande ênfase pela autora devido ao fato dela nem ninguém de seu convívio social ter vivido esse tipo de experiência. Dados biográficos indicam que Emily perdeu sua mãe muito cedo e que ela nem suas irmãs tiveram filhos. Catherine Heathcliff. A Cathy que não se tornou realidade. É nesta faceta que ela se mostra egoísta, podemos perceber isso quando a beira da morte ela tem sua última conversa com Heathcliff, e assim como um criminoso não se arrepende por ter ceifado a vida da sua vítima, mas sim por ter atrapalhado sua vida. Mesmo quando pede perdão à Heathcliff ela não se arrepende por ter feito-o sofrer, mas sim por ela ter sofrido o tanto que ela sofreu. Catherine e Heathcliff eram como corpo e alma que se completavam, Heathcliff era a personificação da maldade existente dentro de Cathy.Mesmo depois da morte de Catherine quem pensa que ela some por completo da trama de Emily Bronte, está completamente enganado. Depois de sua morte ela é figura ainda mais presente na vida de Heathcliff, pois passa a atormentá-lo como um fantasma que clama por seu amor, e ele sem poder nada fazer, somente passando os seus dias, cego com seus planos de vingança.“Vem! Vem! – soluçava ele. – Vem, Catherine! Oh! vem - mais uma vez somente! Oh! querida do meu coração, escuta-me afinal, desta vez, Catherine!”(agonia de Heathcliff chamando pelo fantasma de Cathy na noite em que Lockwood acreditou tê-lo visto, Bronte 1971, p. 33)Por mais estranho que possa parecer para alguns dos leitores deste grande romance da literatura inglesa, e que alguns o consideram grosseiro e de mau gosto, ao contrário está é uma grande história de amor, um amor que não teve a oportunidade de amadurecer, de se tornar real, devido aos caprichos, ao egoísmo, a franqueza de sua protagonista, Catherine. E que a morte vem eternizar esse amor e ao que nos parece e que cabe a cada um de nós imaginarmos se mesmo depois da morte de Heathcliff e Catherine, se eles conseguiram viver se grande amor.
“Que há, meu homenzinho? – perguntei.- Heathcliff e uma mulher estão lá embaixo, sob a ponta do rochedo – respondeu ele, soluçando -, e eu não tenho coragem de passar na frente deles.” ( Nelly Dean conversa com um menino que acredita ter visto os fantasmas de Heathcliff e Catherine pelo Morro dos Ventos Uivantes. Bronte 1971, p. 312).
Por Cristina e Ligia
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