Interpretação de Crônica - Tormento não tem idade
Imaginação ou realidade?
Alguns cronistas inspiram-se em manchetes de jornais ou notícias para escrever suas crônicas. Moacyr Scliar foi um deles. Acompanhe a leitura de urna suas histórias e descubra por que dormir fora de casa pode ser um tormento para algumas pessoas...
Fazer, para os alunos, uma leitura expressiva do texto, a fim de facilitar a compreensão.
“Dormir
fora de casa pode ser tormento. E, ao contrário do que as famílias costumam
imaginar, ter medo de dormir fora de casa não tem a ver com a idade.”
Folha Equilíbrio, 30 de agosto de 2001.
- Meu filho, aquele seu amigo, o Jorge, telefonou.
- O que é que ele queria?
- Convidou você para dormir na casa dele, amanhã.
- E o que é que você disse?
- Disse que não sabia, mas que achava que você iria aceitar o convite.
- Fez mal, mamãe. Você sabe que odeio dormir fora de casa.
- Mas meu filho, o Jorge gosta tanto de você...
- Eu sei que ele gosta de mim. Mas eu não sou obrigado a dormir na casa dele por causa disso, sou?
- Claro que não. Mas...
- Mas o que, mamãe?
- Bem, quem decide é você. Mas, que seria bom você dormir lá, seria.
- Ah, é? E por quê?
- Bem, em primeiro lugar, o Jorge tem um quarto novo de hóspedes e queria estrear com você. Ele disse que é um quarto muito lindo. Tem até tevê a cabo.
- Eu não gosto de tevê.
- O Jorge também disse que queria lhe mostrar uns desenhos que ele fez...
- Não estou interessado nos desenhos do Jorge.
- Bom. Mas tem mais uma coisa...
- O que é, mamãe?
- O Jorge tem uma irmã, você sabe. E a irmã do Jorge gosta muito de você. Ela mandou dizer que espera você lá.
- Não quero nada com a irmã do Jorge. É uma chata.
- Você vai fazer uma desfeita para a coitada...
- Não me importa. Assim ela aprende a não ser metida. De mais a mais você sabe que eu gosto da minha cama, do meu quarto. E, depois, teria de fazer uma maleta com pijama, essas coisas...
- Eu faço a maleta para você, meu filho. Eu arrumo suas coisas direitinho, você vai ver.
- Não, mamãe. Não insista, por favor. Você está me atormentando com isso. Bem, deixe eu lhe lembrar uma coisa, para terminar com essa discussão: amanhã eu não vou a lugar nenhum. Sabe por que, mamãe? Amanhã é meu aniversário. Você esqueceu?
~ Esqueci mesmo. Desculpe, filho.
- Pois é. Amanhã estou fazendo cinquenta anos. E acho que quem faz cinquenta anos tem o direito de passar a noite em casa com sua mãe, não é verdade?
Moacyr Scliar. 0 imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002. p. 173-174.
Filho não tem idade...
Responda às questões no caderno.
1. Qual é o fato cotidiano que deu origem à crônica?
O FATO DE DORMIR (0U NÃO) FORA DE CASA
2. Na sua opinião, por que a mãe queria convencer o filho a dormir fora de casa?
RESPOSTA PESSOAL. ESPERA-SE QUE OS ALUNOS CONSIGAM PERCEBER QUE É IMPORTANTE TER AMIGOS, SER INDEPENDENTE E DORMIR ALGUMAS VEZES FORA DE CASA
3. Para tentar convencer o filho a dormir fora, a mãe apresentou várias razões
Ouais foram elas?
AS RAZÕES APRESENTADAS PELA MÃE FORAM: O QUARTO DE HÓSPEDES COM TV A CABO, OS DESENHOS FEITOS PELO AMIGO, A IRMÃ DO AMIGO.
4. Se você fosse a mãe ou o pai, que argumentos usaria para convencer seu filho a dormir fora?
Resposta pessoal.
5. Quais foram as desculpas dadas pelo filho para não dormir na casa do amigo?
Não gosta de tevê, não está interessado nos desenhos que o amigo fez, não quer saber da irmã do amigo, gosta do seu próprio quarto e cama e não gosta de fazer mala.
6. 0 que torna a história divertida?
0 uso de um fato inesperado: a idade do filho (quase cinquenta anos), quando tudo indicava ser uma criança ou um jovem que não queria dormir fora de casa.
7. O texto teria a mesma graça se o filho fosse uma criança?
Se o autor fizesse referência a uma criança, seria apenas um diálogo comum entre mãe e filho dessa idade, e a história perderia a graça.
8. Em que momento o leitor descobre que o filho vai fazer cinquenta anos?
Somente no final da história, quando o fato é revelado pelo autor.
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