Interpretação de fábulas - A costureira das fadas, Monteiro Lobato
A COSTUREIRA DAS FADAS
Depois do jantar, o príncipe levou Narizinho à casa da
melhor costureira do reino. Era uma aranha de Paris, que sabia fazer vestidos
lindos, lindos até não poder mais! Ela mesma tecia a fazenda, ela mesma
inventava as modas.
– Dona Aranha — disse o príncipe —, quero que faça para esta
ilustre dama o vestido mais bonito do mundo. Vou dar uma grande festa em sua
honra e quero vê-la deslumbrar a corte.
Disse e retirou-se. Dona Aranha tomou da fita métrica e,
ajudada por seis aranhinhas muito espertas, principiou a tomar as medidas.
Depois teceu, depressa, depressa, uma fazenda cor de rosa com estrelinhas
douradas, a coisa mais linda que se possa imaginar. Teceu também peças de
fitas, peças de renda e peças de entremeio, até carretéis de linha de seda
fabricou.
- Que beleza! — ia exclamando a menina, cada vez mais
admirada dos prodígios da costureira. — Conheço muitas aranhas em casa da vovó,
mas todas só sabem fazer teias de pegar moscas; nenhuma é capaz de fazer nem um
patinho de avental...
- E que tenho mil anos de idade — explicou Dona Aranha e sou
a costureira mais velha do mundo. Aprendi a fazer todas as coisas. Já trabalhei
durante muito tempo no reino das fadas; fui eu quem fez o vestido de baile de
Cinderela e quase todos os vestidos de casamento de quase todas as meninas que
casaram com príncipes encantados.
- E para Branca de Neve também costurou?
- Como não? Pois foi justamente quando eu estava tecendo o
véu de noiva de Branca que fiquei aleijada. A tesoura caiu-me sobre o pé
esquerdo, rachando o osso aqui neste lugar. Fui alada pelo Dr. Caramujo, que é
um médico muito bom. Sarei, embora ficasse manca pelo resto da vida.
Monteiro Lobato. Fábulas. Coleção Rocambole. São Paulo, Ed.
Brasiliense.
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