Interpretação do texto "Um Apólogo" de Machado de Assis - Hora de Colorir - Atividades escolares

Interpretação do texto "Um Apólogo" de Machado de Assis

Atividades alinhadas à BNCC

(EF15LP16) Ler e compreender, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor e, mais tarde, de maneira autônoma, textos narrativos de maior porte como contos (populares, de fadas, acumulativos, de assombração etc.) e crônicas.
(EF35LP22) Perceber diálogos em textos narrativos, observando o efeito de sentido de verbos de enunciação e, se for o caso, o uso de variedades linguísticas no discurso direto.  



UM APÓLOGO       
MACHADO DE ASSIS


Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
   Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
     Deixe-me, senhora.
   Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
    Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
     Mas você é orgulhosa.
     Decerto que sou.
     Mas por quê?
é boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
      Você? Esta agora é melhor. Você é que cose?
      Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
    Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
    Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
      Também os batedores vão adiante do Imperador.
      Você, Imperador?
    Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
     Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário.
E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
         Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta, para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
         Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
        Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

ASSIS, Machado de. Uma antologia. Seleção, introdução e notas de Jonh Gledson. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v.1.
1-O texto que você leu fala sobre a importância de:
(A)      deixar em paz quem faz o bem a todos.
(B)      ter orgulho de saber costurar.
(C)       ajudar mesmo a quem não merece.
(D)      desprezar quem é teimoso.

2-          O narrador fala de si em:
(A)      "A linha não respondia nada; ia andando."
(B)      "Contei esta história a um professor de melancolia."
(C)       "Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile (...)?"
(D)       "Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária."

3-          A finalidade do texto é:
(A)       apresentar a conversa entre uma linha e uma agulha.
(B)       divulgar um texto de Machado de Assis.
(C)       informar sobre a vida de uma agulha e de uma linha.
(D)        narrar uma história para ensinar uma moral.

4-           A frase que expressa uma opinião é:
(A)    "Deixe-me, senhora."
(B)    "Mas você é orgulhosa."
(C)    " Vamos, diga lá."
(D)               "Você é que cose?"

5-        No trecho "E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia plic da agulha no pano.", a expressão sublinhada representa
(A)    barulho.
(B)    calma.
(C)    movimento.
(D)            silêncio.

6-   No trecho "Que a deixe? Que a deixe, por quê?", os pontos de interrogação têm efeito de:
(A)            apresentar.
(B)            avisar.
(C)         desafiar.
(D)         questionar.
7-          A agulha da história aprendeu que deve:
(A)         desejar tudo porque tudo perderá.
(B)         fazer o bem, sem esperar reconhecimento dos outros.
(C)         praticar a gratidão, porque será recompensada.
(D)           ser ganaciosa, para tornar-se vítima da própria ganância.

8-   Qual era o motivo da discussão entre a linha e a agulha?
_________a ARROGANCIA DA LINHA _____________________________
9-   Para você quem é realmente responsável pela costura?
a)   A agulha             b) a linha            c) a costureira

10-              Quem são os personagens do texto?
___________A AGULHA E A LINHA ________________________________
11-  Qual o tema discutido no texto? Assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
(   ) o orgulho                        ( X ) a vaidade                          (  ) a humildade
(   ) a modéstia                      (  ) a bondade                       (  ) a simplicidade
(   ) egoísmo                          (  X) prepotência

12- Quais características a linha e a agulha tinham em comum?
(   ) Eram humildes;
(   ) Eram orgulhosas;
(   ) Eram trabalhadoras; 
(   ) Eram vaidosas.


Referência: Prova Brasil e Saeb. Pilar Espi e Patrícia Ester. Editora Fapi

GABARITO
1-O texto que você leu fala sobre a importância de:
(A)      deixar em paz quem faz o bem a todos.
(B)      ter orgulho de saber costurar.
(C)       ajudar mesmo a quem não merece.
(D)      desprezar quem é teimoso.

2-          O narrador fala de si em:
(A)      "A linha não respondia nada; ia andando."
(B)      "Contei esta história a um professor de melancolia."
(C)       "Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile (...)?"
(D)       "Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária."

3-          A finalidade do texto é:
(A)       apresentar a conversa entre uma linha e uma agulha.
(B)       divulgar um texto de Machado de Assis.
(C)       informar sobre a vida de uma agulha e de uma linha.
(D)        narrar uma história para ensinar uma moral.

4-           A frase que expressa uma opinião é:
(A)    "Deixe-me, senhora."
(B)    "Mas você é orgulhosa."
(C)    " Vamos, diga lá."
(D)               "Você é que cose?"

5-        No trecho "E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia plic da agulha no pano.", a expressão sublinhada representa
(A)    barulho.
(B)    calma.
(C)    movimento.
(D)            silêncio.

6-   No trecho "Que a deixe? Que a deixe, por quê?", os pontos de interrogação têm efeito de:
(A)            apresentar.
(B)            avisar.
(C)         desafiar.
(D)         questionar.
7-          A agulha da história aprendeu que deve:
(A)         desejar tudo porque tudo perderá.
(B)         fazer o bem, sem esperar reconhecimento dos outros.
(C)         praticar a gratidão, porque será recompensada.
(D)           ser ganaciosa, para tornar-se vítima da própria ganância.

8-   Qual era o motivo da discussão entre a linha e a agulha?
____________________________________________________________________________________________________________________________
9-   Para você quem é realmente responsável pela costura?
a)   A agulha             b) a linha            c) a costureira

10-              Quem são os personagens do texto?
____________________________________________________________________________________________________________________________
11-  Qual o tema discutido no texto? Assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
(   ) o orgulho                        (  ) a vaidade                          (  ) a humildade
(   ) a modéstia                      (  ) a bondade                       (  ) a simplicidade
(   ) egoísmo                          (  ) prepotência

12- Quais características a linha e a agulha tinham em comum?
(   ) Eram humildes;
(   ) Eram orgulhosas;
(   ) Eram trabalhadoras; 
(   ) Eram vaidosas.




5 comentários

  1. Gostaria das resposta dessa interpretação

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  2. 1 Porque o professor é citado no conto como "professor de melancolia"? Existe essa disciplina ?
    Me ajudem nessas outras questões
    2 - Que Visão Do Ser Humano Transparece nas atitudes da linha ?
    3 - o "professor de melancolia" encerra o conto afirmando "também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária" Explique o significado das palavras agulha e linha na frase acima

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  3. Não era minha atividade mas serviu muito pra vcs aí que estavam precisando não e gente

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  4. A frase que expressa uma opiniao ê

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